O mago dos idiomas

Como o mórmon e professor de inglês Carlos Martins transformou a Wizard na maior rede de escolas de línguas do mundo

Cabelo escovinha, terno impecavelmente alinhado e postura atenta, que lembra a de um sargento em combate. Membro devoto da Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, o mórmon e empresário curitibano Carlos Wizard Martins, 53 anos, casado há mais de 30 anos, pai de seis filhos, costuma seguir à risca todos os dez mandamentos de sua religião. Presidente do grupo Multi, controlador da marca Wizard, a maior franquia de escolas de inglês do mundo, com mais de 1.200 unidades, assim ele construiu um império com faturamento de R$ 1,3 bilhão em 2010. Sua mais recente investida ocorreu na segunda feira 11, ao arrebatar a SOS Educação Profissional, franqueadora das escolas de educação profissionalizantes SOS Computadores, a quarta aquisição do grupo nos últimos quatro anos.

E a cobiça de Martins parece não ter fim. "Pretendo, em menos de cinco anos, conquistar a liderança no setor de ensino profissionalizante e de informática, dobrando de 300 para 600 o número de unidades da SOS", afirma o empresário, que em 2008 já havia adquirido outra escola profissionalizante, a People. "Para tentar chegar lá, se for preciso, farei novas aquisições." O crescimento do grupo Multi também foi impulsionado pelo alto desempenho do setor de franquias de idiomas, que cresceu cerca de 8% nos últimos três anos e deve aumentar 12% em 2010, movimentando mais de R$ 6 bilhões.

Ao dobrar o número de escolas da SOS, Martins não pretende apenas conquistar o primeiro lugar no mercado de ensino profissionalizante e de informática, hoje liderado pela Microlins. De olho no aumento de renda das classes C e D, o empresário incluirá na grade curricular da SOS novos cursos como o de técnico em telemarketing, técnico em vendas e técnico em contabilidade. "Martins é o empresário das grandes sacadas. Sabe que boa parte dos formados na SOS irá migrar automaticamente para as escolas da Wizard, para aprender inglês e melhorar sua qualificação", afirma Ricardo Camargo, diretorexecutivo da Associação Brasileira de Franchising (ABF).

"Ele é um empresário autocentrado, de hábitos simples, que vive apenas para o trabalho e para a religião. Eu não me assustaria se ele comprasse mais duas redes de ensino ainda em 2010", diz Camargo.

Fonte: Istoé